A primeira demonstração pública do mouse feita por Doug Engelbart em 1968 mudou definitivamente a forma com que a humanidade interagia com a tecnologia e com as informações até aquele momento. Diferente da inserção de comandos de texto para que a máquina executasse tarefas, as pessoas podiam interagir diretamente com a informação dentro de um ambiente virtual, apontando, clicando, arrastando, tendo assim o mouse como uma extensão do próprio corpo. O mouse levou pela primeira vez as pessoas para dentro da tecnologia.
Mas o que vemos acontecer hoje nos faz crer que o mouse pode estar com os dias contados. O avanço das interfaces touch screen em dispositivos móveis está fazendo com que a tecnologia esteja cada vez mais inserida no contexto social das pessoas. Diferente do que acontece com o mouse nos desktops, as pessoas não estão mais indo para dentro dos ambientes virtuais, mas sim o virtual está acompanhando as pessoas nos ambientes físicos.
A W3C, que mantém as especificações do HTML, CSS e outras tecnologias para desenvolvimento web, já está de olho nesse futuro móvel e sensível ao toque, e está lançando uma especificação para desenvolvimento em dispositivos touch screen. Essa nova especificação ainda é apenas um rascunho, bem longe de ser completa, mas já pode apontar desde já uma direção para a criação de interfaces baseadas em toque.
A maioria dos eventos de interação que temos hoje nesses dispositivos ainda são uma imitação dos movimentos do mouse. Mas os avanços nessas tecnologias, desde o crescimento que tivemos das telas com as tablets até o aumento dos eventos multi-touch, apontam para um futuro onde as possibilidades de interações irão muito além do que o mouse pode nos oferecer hoje. Essas novas especificações começam usando como base alguns padrões existentes criados pela Apple, porém a W3C trás diversos novos eventos, como a propriedade para especificar a “força” do toque, ou então a definição de raios X e Y para zonas de toque. Essas especificações terão o objetivo de ajudar a definir padrões de interação que os desenvolvedores poderão traduzir em interfaces touch screen amigáveis.
Ainda nem existe um link direto para essas especificações no site da W3C, o que mostra que elas ainda têm um longo caminho de evolução pela frente. Além dos eventos clonados da Apple, essas especificações não são suportadas por nenhum dispositivo até o momento, e ainda existem algumas indefinições como por exemplo qual unidade será usada para medir os raios X e Y ou a “força” do toque. Mas com tantos smartphones e tablets surgindo no mercado, creio que já é evidente a necessidade de tais padrões de desenvolvimento para interfaces baseadas em toque, e é muito bom ver que a W3C já está trabalhando nesse sentido.
Irmãos, em verdade vos digo: a Web 3.0 não será apenas semântica… Ela será também móvel, e estará ao alcance dos dedos 🙂