Dieter Rams introduziu a ideia de desenvolvimento sustentável e que obsolescência seria um crime em 1970. Então ele propôs a si mesmo a pergunta: Meu design é um bom design? Ele deu a resposta em forma de 10 princípios:
- É inovador
As possibilidades para inovar não pode ser exauridas. Desenvolvimento tecnológico sempre estará oferecendo novas oportunidades para design inovador. O design criativo se desenvolve em paralelo com o aprimoramento da tecnologia e não ser um fim em si mesmo. - Torna o produto útil
Um produto nasce para ser útil. Ele não tem que satisfazer apenas a funcionalidade, mas também a critérios psicológicos e estéticos. Bom design enfatiza a utilidade de um produto e descarta qualquer coisa que vai contra. - É estético
A qualidade estética de um produto compõe com a utilidade porque eles serão utilizados todos os dias e afetará as pessoas e seu bem-estar. Apenas objetos bem executados podem ser bonitos. - Torna o produto compreensível
Deixa claro como é a estrutura do produto. Melhor ainda, faz com que o produto expresse como funciona, fazendo o usuário o utilizar intuitivamente. Na melhor das hipóteses, ele será autoexplicativo. - Não é obstrutivo
Produtos criados para um propósito são como ferramentas. Não são objetos decorativos nem peças de arte. Seu design deve ser neutro e restrito, para abrir caminho para que o usuário de expresse. - É honesto
Ele não faz um produto mais inovador, poderoso ou valioso do que realmente é. Ele não tenta manipular o usuário com promessas que não pode cumprir. - Durável
Ele evita ser fashion, para nunca parecer ultrapassado. Ao contrário do design de moda, ele durará muitos anos, mesmo com a sociedade descartável de hoje em dia. - É meticuloso até o último detalhe
Não há nada nele arbitrário ou deixado por acaso. Cuidado e precisão no processo de design mostra respeito com o consumidor. - É amigável ao meio ambiente
O design faz importante contribuição para preservação do meio ambiente. Ele conserva recursos e minimiza poluição física e visual durante todo o seu ciclo de vida útil. - É o mínimo design possível
Mínimo, mas melhor, porque se concentra nos aspectos essenciais sem se sobrecarregar com os não essenciais. Se volta para a pureza e para a simplicidade
Sobre os princípios de design
Estou particularmente envergonhado por ter trabalhado com design por alguns anos e nunca ter tido contato com estes princípios.
Ele propõe respostas para todas questões profundas do design, questões feitas poucas vezes por um mínimo de profissionais, enquanto o resto está mais ocupado com tutoriais e domínio de suas ferramentas e nunca se ocuparam com uma ética do design.
Achei fenomenal que no meio do desenvolvimento de um produto, ele incluiu uma coisa elementar: “Precisa ser honesto”. E dá uma razão para outros detalhes que tendíamos a enxergar apenas como preciosismo. Não eram. Há razão de ser, por exemplo, ser minucioso. É um comprometimento. É principalmente respeito com o usuário. Quantas e quantas vezes, pelos céus, eu não vi designer reclamando do usuário? Peraí, isto é uma inversão da profissão. É definir o que é design e correr na direção contrária.
Havia uma ética do design por aí e acho que poucos tiveram contato com ela. No momento que alguém questiona que o mercado não dá valor ou que tudo que necessitamos é que o governo reconheça a profissão ou que nos sindicalizemos, é importante primeiro perguntar: Há um código de ética? Não uma tábua de regras votada numa convenção: Muitos lerão estes princípios e verão que o aplicavam em seu trabalho, sem mesmo conhecer este Rams.
Se eu estivesse contratando alguém de design, ao invés de currículo e portfólio, estaria procurando quem cultiva estes valores propostos nestes princípios. Usar Photoshop, se aprende numa tarde num Youtube. Aplicar princípios, bem, é princípio. É berço.
Compartilhado originalmente na lista arqHP.