Por que você deveria construir um Mínimo Produto Adorável?

Entregar uma primeira versão funcional de um produto é o que se espera de um MVP. Mas e se você entregar uma primeira versão que as pessoas já amem e se conectem? Conheça o Mínimo Produto Adorável.

exemplo do seu seria uma mvp (uma xícara de café) e de um mlp (um café gourmet, com boa apresentação).

Você já deve conhecer o que é um Mínimo Produto Viável, comumente chamado pela sigla MVP. Se você não sabe muito bem do que estamos falando, confira o nosso artigo “O que é um MVP e como usá-lo nos seus projetos”.

De forma resumida, um MVP é a primeira versão de um produto ou serviço, que busca atender, ainda que de forma simples e não refinada, a necessidade da pessoa usuária. Por definição, ele deve ser factível, valioso, usável e desejável.

“Não é por entregar um MVP que o produto é ruim, simplório, incompetente. Não confunda inacabado com ruim, simples com simplório, incompleto com incompetente. O MVP deve ser factível (de ser criado), facilmente usável, gerar muito valor e ser incrível (“uau”)!” — Paulo Caroli — The Lean Inception.

Quando Eric Ries, em 2011, usou o termo MVP pela primeira vez, no seu livro The Lean Startup, o cenário era outro. O mercado digital começava a aquecer e o espaço para ser inovador e criar algo incrível do zero era maior. Havia muito lugar para pioneirismos.

Hoje, dez anos depois, muitos produtos que são criados são, na verdade, melhorias de outros que já existem. E provavelmente, contam com uma forte concorrência. Mais do que nunca, sanar a dor da sua pessoa usuária é considerado um pré-requisito básico. É o mínimo que se espera e que o seu produto ou serviço deve cumprir.

Mas para ganhar mercado, para ser lembrado, é preciso ir além. Deve-se criar conexão, trabalhar laços afetivos e emocionais com seu público. É preciso criar produtos que as pessoas realmente amem. E isso também vale para o seu Mínimo Produto Viável. Ou seria Mínimo Produto Adorável?!

Trabalhando com Minimum Loveable Product — MLP

O termo Minimum Loveable Product (Mínimo Mínimo Adorável, em português) foi cunhado por Brian de Haaff, no livro “Lovability: How to Build a Business That People Love and Be Happy Doing It” (algo como “Ser amável: como construir um negócio que as pessoas amem e sejam felizes fazendo isso”), de 2017. Na obra, ele fala de produtos que tem como objetivo fazer os consumidores se apaixonarem e não só resolver seus problemas.

“O objetivo não é mais criar o que as pessoas acham apenas legal, mas criar aquilo que o cliente não pode viver sem” — Brian de Haaff.

O MLP deve pensar não só na solução em si, mas na experiência e na satisfação. Não basta fazer o que se propõe. É preciso fazer do melhor jeito possível, da forma mais agradável e encantadora. E isso, geralmente, demanda mais tempo e dinheiro — do que um MVP demandaria. Mas não há dúvidas que essa é uma opção com mais visão estratégica, que envolve produção, marketing e longo prazo.

Veja a imagem abaixo. Nela, você tem claramente o que seria o cafézinho MVP e o MLP. Um, mata a sua vontade de café. O outro, além de matar essa mesma vontade, brilha os olhos, te encanta pelo cuidado, pelo diferencial…

exemplo do seu seria uma mvp (uma xícara de café) e de um mlp (um café gourmet, com boa apresentação).

Provavelmente, o segundo café custaria mais caro (para fabricá-lo e, consequentemente, para o cliente final) e levaria mais tempo para prepará-lo. Mas é nisso que a cafeteria gourmet se destaca da padoca da esquina: apresentação, conexão, branding… E é esse tipo de investimento que permite que ela cobre até 10 vezes mais do que o cafézinho da padoca.

Quando usar MPV ou MLP?

Estamos falando para os UX designers e todos os times que pensam e desenvolvem produtos e serviços esqueçam o MVP e foquem apenas no MLP? NÃO! Longe de nós falarmos isso, até porque, cada um pode ser usado em propósitos diferentes.

Se o que você está desenvolvendo é uma versão atualizada, melhorada de algo que já existe, ou até mesmo uma releitura, é recomendado que você, além de pensar na usabilidade e na experiência, pense no encantamento. Ou seja, Mínimo Produto Adorável.

Você já tem concorrentes estabelecidos, que provavelmente já têm alguma conexão com o público e atendem suas necessidades. Você precisa se diferenciar, precisa criar suas próprias conexões e estabelecer o desejo por parte do público.

Mas se o seu produto é inovador e disruptivo, sem concorrentes diretos (ou com poucos concorrentes, menores, sem tanto peso no mercado), você pode seguir com o Mínimo Produto Viável, velocidade para validar os acertos e erros do processo.

Confira este comparativo:

diferenciação entre o mvp e o mlp

Como criar um Mínimo Produto Adorável?

Os processos práticos para se criar um MLP são os mesmos de um MVP. Como dissemos, ele precisa ser factível, valioso, usável e desejável (muito desejável!). E um MVP precisa entregar um pouco de tudo isso.

Trabalhar só com um desses pilares no seu MVP, provavelmente, vai levar seu produto ao fracasso. E, definitivamente, você não vai estar entregando um MVP. Para ser viável, ele precisa ter todas essas etapas analisadas e trabalhadas

A imagem a seguir vai te dar uma ideia de como trabalhar seja o seu MVP ou seu MLP:

comparação entre a maneira errada e certa de se construir um mvp

Mas como elevá-lo de viável para adorável? Bom, temos algumas dicas que podem te ajudar nessa construção!

Foco no que é importante

Cabe ao time entender o que é realmente importante e porquê. Ter um propósito claro acrescenta um significado real ao produto e facilita que você trabalhe conexões mais profundas.

Anja Vogt, no artigo “Minimum Loveable Product — How to build things with relevance” (Mínimo Produto Viável — como construir coisas relevantes) indica o seguinte processo para definir o que realmente é importante: “se você usa Scrum como um método ágil, reúna todas as ideias e coloque-as em uma carteira de produtos. Depois, classifique os recursos em três prioridades: deve ter, é bom ter e não é necessário”.

Isso estabelecido, é preciso focar no que foi definido. Também é função dos líderes desses times apresentarem essas prioridades para os clientes e stakeholders.

O Golden Circle é seu amigo!

Você conhece o Golden Circle (ou Círculo Dourado)? Esta é uma ferramenta que Simon Sinek apresentou em seu livro “Starts With Why” (Comece pelos porquês). Nela, você trabalha com 3 níveis de questionamento: O que? Como? Por quê?

A ideia é que você comece de dentro para fora. Ou seja, primeiro, por que precisa fazer, como e, finalmente, estipular o que.

Segundo Sinek, muitas pessoas e empresas sabem bem o quê fazem, algumas sabem como fazem, mas poucas sabem bem o porquê. E é nessa parcela, em que têm o porquê bem estabelecido, que se encontram os produtos mais adoráveis.

representação do círculo dourado, com as perguntas: por quê? como? o que?

De acordo com o autor, é preciso despertar a emoção da sua pessoa usuária e criar conexão nos primeiros instantes. Assim, você tem mais chances de ser o produto escolhido, já que a maioria das decisões de compra são baseadas na emoção e no impulso.

Ainda de acordo com Sinek, ao se concentrar no “por quê?”, você fica mais propenso a criar conexões mais profundas com o seu público e dar ao seu produto uma chance melhor de sucesso.

Nunca perca de vista a relação entre Escopo x Tempo x Orçamento

Dificilmente você terá tanto tempo quanto gostaria, para fazer exatamente o que deve ser feito e com o orçamento necessário. É preciso encontrar um equilíbrio para entregar um produto adorável com velocidade de entrega aceitável e com qualidade.

Conheça a sua pessoa usuária e descubra o que ela espera

Saber para quem você está projetando é essencial (e nisso todos concordam, certo?). É preciso ter sua persona bem desenhada para que você comece a projetar um produto ou serviço que atenda às necessidades da pessoa usuária.

Descobriu o que ela quer e precisa? Bom, agora supere essas expectativas! É assim que você entrega produtos adoráveis e não só “mais um produto”. O que você pode fazer para gerar uma resposta positiva de seus clientes? O design emocional pode te ajudar a responder essa pergunta.

Use o design a seu favor

Antes de o usuário entrar em contato com a funcionalidade do produto, ele é atraído pelo visual. Frequentemente, é o design que decide se um produto será usado ou não. Então, já sabe: é importante dedicar tempo e esforço para entregar um resultado atrativo, envolvente, que chame a atenção e cative.

Entregando isso, maiores são as chances do seu produto ou serviço ser escolhido. Agora, chegou o momento de testar/usar. Por isso, invista em uma boa usabilidade. Produtos digitais que são baixados para, em seguida, serem deletados são uma constante. Fuja dessa estatística.

Foque nos grandes problemas da sua pessoa usuária

É verdade que, ao desenvolver um produto ou serviço, você pode identificar diversas dores da sua pessoa usuária. Mas mesmo que isso aconteça, você, certamente, tem um grande problema em mãos. Ou seja, apesar dos diversos pequenos problemas, existe um que é o foco. Então, foque nele!

Isso vai te ajudar a entregar uma boa solução para este problema. E é melhor fazer e entregar menos coisas, mas que sejam excelentes entregas, do que tentar fazer muito e entregar soluções pela metade.

Ferramentas, como o Value Proposition Canvas, podem te ajudar a definir quais recursos vão criar um valor real para sua pessoa usuária com base no qual você pode construir dentro do orçamento e tempo que você dispõe.

Esperamos que o conceito de Mínimo Produto Adorável tenha ficado claro para você, bem como sua importância para fazer o seu produto ser “o produto” e não “mais um produto”.

Esperamos, também, que as nossas dicas para chegar lá tenham te ajudado e que, agora, fique mais fácil elevar o nível do seu MVP, entregando um MLP incrível, pronto para criar conexão com seu público!


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