A “sensação” proporcionada por um sistema interativo pode ser comparada com as impressões geradas por uma música. Ambos só podem ser experimentados durante um período de tempo, e com qualquer um deles o usuário deve abstrair a estrutura do sistema a partir de uma seqüência de detalhes. Cada um pode ter uma “naturalidade” quando as ações sucessivas seguem um padrão logicamente auto-consistente. Um bom compositor pode escrever uma nova composição que vai parecer tão natural depois de algumas audições, que o observador se perguntará por que isso nunca foi feito antes.
Assim como um compositor segue um conjunto de princípios harmônicos quando escreve música, o designer do sistema deve seguir alguns princípios de usabilidade quando ele projeta essa sequência de interação entre homem e máquina.
Wilfred J. Hansen publicou em 1971 nos Anais da Fall Joint Computer Conference um texto entitulado User engineering principles for interactive systems, um artigo de dez páginas onde ele definiu alguns desses princípios de Usabilidade para sistemas interativos.
Hansen é Designer de Sistemas do Information Technology Center, da Carnegie Mellon University. É autor e co-autor de diversos livros e artigos, além de membro da IEEE Computer Society e American Go Association. Você poderá ler os princípios definidos por ele logo abaixo. Apesar dos mais de 40 anos decorridos, o texto continua muito atual.
Princípios de Usabilidade (ou engenharia de usuário) de Wilfred J. Hansen
Primeiro princípio: conhecer os usuários
O processo de desenvolvimento deve iniciar com os usuários e suas necessidades, antes de qualquer questão tecnológica. É necessário pesquisar, observar e entrevistar pessoas, conhecer seus hábitos e comportamentos, seu contexto e sua rotina. É preciso manter o foco nas necessidades, desejos e limitações dos usuários durante todo o projeto, a cada tomada de decisão, desde a concepção até o lançamento. Esse deve ser sempre o primeiro entre todos os princípios de usabilidade.
Minimizar memorização
Reduzir a necessidade de memorização substituindo a entrada de dados pela seleção de itens, utilizando nomes em lugar de números, prevendo comportamentos e fornecendo fácil acesso as informações do sistema.
Otimizar operações
Otimizar as operações por meio da rápida execução de operações comuns, da consistência da interface, organizando e reorganizando a estrutura da informação baseando-se na observação do uso do sistema.
Boas mensagens de erro
Facilitar boas mensagens de erro, criar designs que evitem os erros mais comuns, possibilitando desfazer ações realizadas e garantir a integridade do sistema no caso de uma falha de software ou hardware.
Você já conhecia esses princípios de Usabilidade? Acredita que são bem completos, ou deixam a desejar em algum aspecto? Deixe um comentário sobre as suas impressões 🙂
Simples e eficiente. Esses princípios deveriam guiar a maioria dos projetos que possuam alguma interação com o usuário.
“Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”
[Clarice Lispector]
Creio que uma boa interface deva ser, necessariamente, simples.
Agradável, amigável, intuitiva.
As heurísticas de Nielsen, assim como os “Princípios de Usabilidade de Hansen”, abordados no artigo, fornecem informações preciosas de como as interfaces e a experiência do usuário deve ser desenhada para alcançar os objetivos desejados, mas, obviamente, “ensinam a pescar”, sem “dar o peixe”.
Daí vem a necessidade de muito trabalho.
Muitos confundem simplicidade com mediocridade, eis o erro.
Como Lispector disse, ser simples dá muito trabalho.
Parabéns pelo artigo! 🙂