Já falamos muito sobre UX Research no nosso blog. Quer saber como criar um projeto de pesquisa? Só clicar aqui! Ou quem sabe entender quais perguntas evitar em uma pesquisa com o usuário… Hoje, vamos voltar ao tema, mas, dessa vez, para te explicar quais são as principais dimensões do UX Research e quando você deve utilizar cada uma delas.
Realizar pesquisas de experiência do usuário possibilita coletar dados e insights valiosos para o seu projeto. São eles que vão te permitir ter uma base sólida para desenvolver um produto.
E você pode fazer essa coleta de diversas maneiras. Mas é claro que existem técnicas que são mais indicadas do que outras, dependendo de uma série de fatores, como o tipo de produto, o estágio em que ele está, o que você quer descobrir…
Todas essas técnicas estão separadas em grupos chamados de dimensões. Cada uma tem objetivos distintos e trabalha com diferentes fatores. E são essas dimensões que você vai conhecer no artigo de hoje!
Todo produto precisa de UX Research?
Aplicar UX Research no seu projeto te ajuda a compreender diversas questões, como os pontos de dor, as necessidades e objetivos dos seus futuros usuários. É ele que vai te ajudar a validar hipóteses, suposições, confirmar certezas e tirar dúvidas. Assim, fica muito mais fácil solucionar o problema a que o seu produto se propõe.
Então, a verdadeira pergunta não é se, mas quando usar UX Research. E a resposta é simples: em todas as etapas do projeto.
O que vai variar são as dimensões e métodos que você vai utilizar, dependendo do que deseja descobrir.
Quando usar cada dimensão do UX research?
Já sabemos que existem opções e que a escolha por cada uma delas se dará de acordo com algumas variáveis. E o que realmente vai te ajudar nesta escolha é entender as respostas que você consegue obter, de acordo com seus objetivos.
Para isso, é importante que você entenda e conheça todas as dimensões do UX Research:
- Atitudinal x Comportamental
- Qualitativo x Quantitativo
- Generativa x Avaliativa
Vejamos um pouquinho mais de cada um deles:
Atitudinal x Comportamental
Ao realizar uma pesquisa de experiência com usuários, não é muito raro chegarmos a uma conclusão: o que as pessoas falam nem sempre condiz com o que elas fazem. Essa diferenciação pode ser observada nas pesquisas que classificamos como atitudinal ou comportamental.
Quando falamos de pesquisa comportamental, estamos nos referindo a qualquer método de observação direta. É através dessa metodologia que entendemos o que as pessoas fazem e analisamos o seu comportamento. Assim, conseguimos compreender se a interação que desenhamos entre usuário e produto realmente vai se dar como o planejado ou se o usuário terá um comportamento próprio.
Já a pesquisa atitudinal busca entender o que as pessoas dizem, através de comentários, expressões, entonação… Ao fazermos perguntas e instigarmos o usuário a falar, conseguimos identificar questões que devem ser abordadas.
Elas costumam oferecer uma visão geral do que as pessoas pensam sobre uma marca ou conceito de produto em um ambiente de grupo. Por isso são bastante usadas em pesquisas relacionadas ao marketing.
E embora a maioria dos estudos de usabilidade sejam baseados mais no comportamento, métodos que usam informações autorreferidas ainda podem ser bastante úteis para designers. Através de pesquisas atitudinais, pode-se descobrir uma função que o usuário sentiu falta no seu produto, por exemplo.
Existem dois métodos que mesclam muito bem a questão comportamental e atitudinal. São eles os estudos de usabilidade e os de campo. Além de fazerem uso desses dois extremos, eles podem tender sutilmente para um dos lados — embora o que mais seja comum (e recomendado) seja para o lado comportamental.
Qualitativo x Quantitativo
As pesquisas de quanti e quali já estão bem difundidas no mercado, mas ainda existe um simplismo quando se fala delas. E isso deve ser combatido. Afinal, elas vão muito além da definição rasa de pesquisas qualitativas são as que têm perguntas abertas e as quantitativas são de múltipla escolha.
Os estudos de natureza qualitativa geram dados sobre comportamentos ou atitudes com base na observação direta deles (do que falam, como falam, de como se comportam etc). Aqui, você vai saber as razões e as motivações por trás das ações do usuário.
Uma estratégia-chave para trabalhar esta dimensão é utilizar perguntas que comecem “como” ou “por que”. Isso vai te ajudar a entender como o seu usuário enxerga o problema em questão.
Agora, se essa coleta de dados acerca do comportamento do usuário é feita de forma indireta, estamos falando de uma pesquisa de cunho quantitativo. Na quanti, existe sempre uma medição, que pode ser feita através de ferramentas online, por exemplo. E todas as respostas de características quantitativas são mensuráveis, seja na forma de números ou métricas.
Essa dimensão está muito ligada ao quanto, à comparação com um outro.
Cruzando os eixos já citados, chegamos a um gráfico muito interessante, que correlaciona as quatro pontas e te ajuda a entender melhor como elas se conectam:
Generativa x Avaliativa
O terceiro eixo, também conhecido como “contexto de uso”, tem a ver com “como” e “se” os participantes do estudo estão usando o seu produto ou serviço. Isso pode ser classificado das seguintes formas:
- Generativa: gera dados e informações acerca do seu produto sem que haja interação direta entre ele e o usuário.
- Avaliativa: traz dados a partir da avaliação direta da interação do usuário com o produto. Aqui entram os chamados uso natural ou quase natural e o uso com script.
Dentro da pesquisa avaliativa, quando existe um uso natural do produto, o objetivo é minimizar as interferências do estudo para compreender os comportamentos ou as atitudes da forma mais realista possível. Muitos estudos etnográficos tentam fazer isso, assim como as pesquisas de interceptação e mineração de dados.
Por sua vez, o estudo com script do uso de um produto é feito para se obter insights específicos. Por exemplo, um grupo de pesquisadores quer entender se o fluxo de uso que foi recém redesenhado está funcionando como esperado.
O grau de script pode variar um pouco, dependendo dos objetivos do estudo. Por exemplo, um estudo de benchmarking é geralmente muito bem elaborado e de natureza mais quantitativa, de modo que pode produzir métricas de usabilidade confiáveis.
Os estudos em que o produto não é usado, ou seja, as pesquisas generativas, são conduzidos para examinar questões mais amplas do que o uso e a usabilidade, como um estudo da marca ou comportamentos culturais.
Por fim, ainda é possível mesclar as duas dimensões. Nesse modelo híbrido, o objetivo é usar uma forma mais criativa para atingir seus resultados. Por exemplo, os métodos de design participativo permitem que os usuários interajam e reorganizem os elementos de design que poderiam fazer parte da experiência de um produto.
O foco é discutir como as soluções propostas atenderiam melhor às suas necessidades e por que fizeram certas escolhas.
O que levar em conta na hora de fazer a sua escolha
É muito importante considerarmos a fase de desenvolvimento que o produto está, além dos objetivos que estão relacionados. Uma divisão muito difundida no meio é a do Nielsen Norman Group, que você pode ver a seguir:
- Estratégia: Na fase inicial do desenvolvimento de um produto, você normalmente considera novas ideias e oportunidades, pensando que podem ser úteis no futuro. Nessa fase, as dimensões utilizadas podem variar muito, assim como os métodos.
- Executar: Chegou o momento de tomar decisões! Aqui, você já estará direcionando o seu projeto, por isso, nessa fase, as pesquisas tendem a ser formativas. Isso ajuda a reduzir os riscos de uma execução.
- Avaliação: Em algum momento, o produto ou serviço estará disponível para que os usuários possam usá-los e você possa medir o desempenho. Essa pesquisa deve ser feita com base nos próprios dados históricos do produto ou em relação aos concorrentes.
A tabela abaixo resume esses objetivos e lista as abordagens e dimensões de pesquisa típicos da cada um:
Agora que você conhece os principais eixos do UX Research e sabe em que eles se aplicam, fica mais fácil tomar a sua decisão. Você já tem embasamento para te guiar, mas lembre-se: nada está escrito em pedra!
Diferentes projetos vão precisar de pesquisas diferentes e que se complementam, por isso é tão importante conhecer as dimensões, os tipos de informação que elas conseguem captar e como mesclá-las, com seus diferentes métodos. Isso será muito benéfico para o seu projeto.
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