Episódio Piloto do Escuta Ativa, um podcast produzido pela Mergo e apresentado por Edu Agni, que terá a sua primeira temporada falando sobre Pesquisa Remota.
Hoje consegui concretizar uma antiga vontade, que era de produzir e apresentar um podcast. Nessa quarta-feira está nascendo o Escuta Ativa, um podcast para falar sobre UX de uma maneira mais direta, objetiva e didática. Essa primeira temporada vai contar com 13 episódios, onde — incentivado pelas circunstâncias — vou falar sobre Pesquisa Remota.
Serão episódios semanais, todas as quartas-feiras. Então basta acompanhar no SoundCloud, no Deezer, no Spotify, no iTunes ou aqui no blog. Segue abaixo o áudio e a transcrição do Episódio Piloto. Boa audição / leitura 🙂
Para aprender e trabalhar com pesquisa em design, inscreva-se na Formação em UX Research da Mergo: mergo.com.br/formacao-ux-research
[Início da Transcrição]
[Vinheta de abertura] Você está no Escuta ativa, o podcast com doses de UX para você escutar.
[Pausa na fala, com música de fundo]
Edu Agni: Esse o Episódio Piloto para abrir a primeira temporada do Escuta Ativa, um podcast novinho e em folha que é produzido pela Mergo para trazer até você muito conteúdo sobre UX, design, pesquisa… aliás, esse é o tema da nossa primeira temporada: Pesquisa. Mais especificamente, Pesquisa Remota. O Escuta Ativa está nascendo em meio a um contexto pouco comum, que é essa pandemia do Coronavírus, que está forçando a gente ao isolamento social. Aliás, espero que você que está me ouvindo esteja bem e tomando todas as precauções, lavando as mãos por 20 segundos, usando máscara para ir no mercado, passando álcool em gel nas mãos, evitando de tocar o rosto e ficando em casa o máximo possível. Nem todo mundo pode ficar em casa, mas quem pode… vamos ficar, porque é só assim que a gente vai controlar essa pandemia.
Esse isolamento social está impactando o trabalho de toda população mundial, e na maior parte das vezes negativamente. Em se tratando da área de UX, uma das interferências diretas dessa necessidade de quarentena foi na área de pesquisa com usuários, de forma qualitativa, em campo, presencial. A alternativa para isso já existe a muito tempo e nem é uma novidade. A Pesquisa Remota é uma prática bem comum no nosso mercado, se utilizando de recursos tecnológicos proporcionados pela internet (ou mesmo pelo velho telefone) para conectar pesquisadores e participantes. Por isso, o Escuta Ativa vai iniciar suas atividades em uma primeira temporada com 13 episódios falando sobre Pesquisa Remota, seus processos, procedimentos, diferenciais, metodologias e ferramentas.
Eu sou o Edu Agni, e vou comandar essa nave de conteúdos e reflexões diretamente para os seus ouvidos. Vamo nessa comigo?
[Pausa na fala, com música de fundo]
Tem uma frase da Erika Hall, do livro Just Enough Research que diz:
“No design, você está resolvendo as necessidades do usuário e as metas de negócios. Na pesquisa, você está resolvendo a falta de informação.”
Ou seja, a pesquisa traz um processo de aprendizado para os projetos de produtos e serviços. E nesse processo, embora seja importante observar e estudar dados, é preciso também interagir e fazer perguntas, considerando sempre que não há respostas certas ou erradas, apenas insights, experiências e inspiração. Mas claro que esse novo conhecimento aprendido não vai significar nada se você não conseguir usá-lo para fazer mudanças, seja no produto em projeto ou na mentalidade da sua organização ou empresa.
Eu costumo dizer que o papel da pesquisa em UX é muito mais próximo do trabalho de um detetive do que de um cientista. Afinal, os detetives resolvem seus casos não no escritório, mas no campo — conversando com as pessoas, fazendo perguntas, compreendendo motivações e procurando pistas comportamentais. Eu acredito que a pesquisa em UX é muito sobre ser curioso, fazer perguntas e seguir um processo sistemático para encontrar respostas.
Dentro da pesquisa existem algumas dimensões, com características que nos ensinam coisas diferentes. Em um eixo vertical imaginário temos de lados opostos as pesquisas atitudinais e as comportamentais. Já no outro eixo imaginário, o horizontal, temos de dois lados opostos as pesquisas qualitativas e as quantitativas.
Sobre o eixo vertical, as pesquisas atitudinais ensinam para gente o que as pessoas dizem, com os dados sendo auto-relatados pelos participantes e ajudando pesquisadores a entender e medir as crenças declaradas das pessoas. Alguns exemplos desse tipo de pesquisa são os questionários, os diários de uso ou as entrevistas. As pessoas dizem coisas sobre a realidade delas, que nós não podemos “ver pra crer”, apenas anotar. Já as pesquisas comportamentais ensinam a gente o que as pessoas fazem, com pesquisadores fazendo o relato das ações realizadas, o que permite minimizar o impacto do método e entender exatamente o que as pessoas participantes fazem. Alguns exemplos desse tipo de pesquisa são os Testes de Usabilidade, as Observações ou os Testes A/B.
Sobre o eixo horizontal, as pesquisas Quantitativas ensinam para a gente as tendências de comportamento, ou seja, numericamente quantos usuários fazem “isso” ou “aquilo”. Os dados são coletados de uma forma consistente e formativa, e muitas vezes podem ser analisados matematicamente. Alguns exemplos desse tipo de pesquisa são os Questionários, Métricas (como aquelas das ferramentas de Analytics), Testes A/B ou os Mapas de Calor (para cliques, para rolagem da página, etc). Já as pesquisa Qualitativas ensinam para gente o “porquê das coisas”, nos trazem o entendimento mais aprofundado. Os dados são coletados observando ou interagindo com participantes, podendo ser altamente subjetivos. Alguns exemplos desse tipo de pesquisa são as Cocriações, Grupos de Foco, Entrevistas ou as Observações.
De modo geral, cada técnica ou metodologia de pesquisa tem seus prós e contras. Escolher as abordagens e as técnicas certas permitirá que você interprete melhor os dados e forneça respostas significativas. Muitas vezes, uma mistura de técnicas qualitativas e quantitativas resulta no maior sucesso na compreensão do perfil dos participantes para a criação de produtos e serviços melhores.
Mas eu comecei a falar dessas dimensões de pesquisa para fazer uma introdução sobre a questão da pesquisa remota. Porque quando a gente olha para os métodos Quantitativos, a grande maioria já são remotos e automatizados. Então, quando a gente começa a discutir sobre como se fazer pesquisas remotas, estamos na verdade querendo entender como reproduzir os métodos comumente Qualitativos de maneira remota, ou seja, como podemos fazer entrevistas, cocriações ou testes de usabilidade.
[Pausa na fala, com música de fundo]
Existem dois tipos básicos de pesquisa remota: a automatizada e a moderada. Em um estudo automatizado, podemos usar ferramentas e serviços online para coletar informações comportamentais ou escritas automaticamente, sem o envolvimento direto do pesquisador. Em uma pesquisa moderada, pesquisadores vão conversar ao vivo e diretamente com as pessoas participantes, para obter feedback mais rico. Ou seja, as pesquisas remotas automatizadas estão mais próximas da dimensão Quantitativa, enquanto as pesquisas remotas moderadas estão mais próximas da dimensão Qualitativa. Os métodos automatizados vão nos ensinar sobre as tendências de comportamento do nosso público pesquisado, e os métodos moderados vão nos ensinar sobre as motivações e objetivos dos participantes, ou seja, vai nos mostrar o “porquê das coisas”.
Muitas pessoas habituadas com métodos presenciais qualitativos têm um pouco de receio sobre as pesquisas remotas, devido a falta de detalhes ricos como expressões faciais, a linguagem corporal, além do distanciamento do ambiente do participante, tão importante nas abordagens etnográficas onde o contato real em campo ajuda a descrever melhor a cultura envolvida no contexto.
Nas pesquisas comportamentais qualitativas que normalmente são feitas em laboratório não há grande perda, já que a parte mais importante são os comentários em voz alta e a maneira com que os participantes interagem com o produto testado, coisa que na pesquisa remota nós conseguimos absorver bem. Além disso temos até algumas vantagens no método remoto, como a possibilidade de pesquisar com participantes dispersos geograficamente realizando suas tarefas em seu próprio ambiente e dispositivo, o que minimiza a ocorrência de problemas de interação artificiais existentes nos testes em laboratório. Mas claro que também temos algumas desvantagens, pois o ambiente real dos participantes não é controlado, o que pode gerar interrupções, problemas técnicos e uma dificuldade maior de análise dos dados coletados.
Já nas pesquisas atitudinais qualitativas, que tem um foco maior em exploração, descobertas e mapeamento das necessidades, desejos e limitações do público pesquisado, a perda causada pela versão remota pode ser um pouco maior, pois o ambiente do participante tem um impacto maior no estudo. No entanto, com um pouco de criatividade nós podemos minimizar essa perda através da combinação de outras abordagens ao nosso método, como por exemplo da Antropologia Visual, que visa retratar comportamentos, atitudes e estilos de vida a partir do estudo de objetos e outros elementos visuais que podem ser explorados mesmo que remotamente.
Enfim, esse é um assunto que não vai se concluir em alguns minutos. Por isso, continue acompanhando os próximos episódios pois eu tenho muito conteúdo e experiências legais para compartilhar com você sobre pesquisa remota. Os episódios do Escuta Ativa são semanais, sempre às quartas-feiras, então semana que vem eu tô de volta.
Ficou com alguma dúvida, quer deixar algum comentário ou mesmo pedir algum assunto especial para os próximos episódios, é só mandar nas redes sociais da Mergo e a gente vai mantendo não só a escuta, como também a conversa ativa. Até o próximo episódio, um abraço, e tchau!
[Fim da transcrição]